A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
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A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
A ideia de recorrer a instituições com jurisdição internacional para julgar crimes cometidos durante a guerra data de 1474. Nesse tempo processou-se e condenou-se um oficial holandês por homicidio, estupro e outras atrocidades contra “as leis de Deus e do homem”, cometidas durante a ocupação de uma cidade alemã.
A condenação foi imposta por uma comissão formada por vinte e oito juízes provenientes da Alsácia, Alemanha, Suiça e Áustria. Na primeira metade do século XIX multiplicaram-se os projectos de instituições jurídicas específicas, de carácter permanente e reconhecimento universal. A primeira verdadeira Comissão Internacional de investigação de Crimes contra a Humanidade data de 1919, e a sua tarefa consisitiu em pronunciar-se sobre os crimes cometidos por militares alemães durante a Grande Guerra.
No final da Segunda Guerra Mundial, as provas de terríveis atrocidades cometidas pelo Terceiro Reich, durante o conflito motivaram as potências vencedoras a constituir dois tribunais militares especiais para julgar os nazis e seus aliados japoneses: O Tribunal Internacional Militar de Nuremberga e o Tribunal Internacional Militar de tòquio. Entre os réus do primeiro processo contava-se, entre outros, Gustav Krupp con Bohlen, artifice, com as suas siderurgias, da pujante indústria pesada alemã e o primeiro empresário da história a ser acusado de crimes contra a Humanidade.
Gustav Krupp von Bohlen
No entanto, não foi o último, porque rapidamente outros colegas seus como Ferdinand Porsche, sofreram análogas acusações com diferentes sortes.
Retrato de Ferdinand Porsche realizado em 1950
As acusações apresentadas contra os Porsche referiam-se sobretudo contra o emprego, nas fábricas administradas pela família por conta do Fuhrer, de prisioneiros de guerra e operários obrigados a trabalhos forçados.
Ferdinand Porsche e o filho Ferry numa inspecção à oficina da Porsche em Zuffenhausen,
A principal reserva de recursos humanos era a Organização Todt, fundada em 1933 para construir as auto-estradas alemãs e resolver o grave problema do desemprego que afectava a Alemanha. Transformada, sob o jugo nazi, numa instituição aberrante sem qualquer respeito pela vida humana, a Organização ocupou um total de dois milhões de trabalhadores, muitos dos quais foram tratados como escravos. As actas do processo instruído contra Ferdinand e Anton Piech provam claramente que ambos nunca cometeram acções violentas para com os seus subordinados, mas o clima da época e a hostilidade do ministério fiscal francês fizeram deles dois dos muitos bodes expiatórios de que a história precisava.
Ferdinand Porsche e Ferry Porsche estudam um plano do Volkswagen Carocha numa mesa de desenho
A ideia de recorrer a instituições com jurisdição internacional para julgar crimes cometidos durante a guerra data de 1474. Nesse tempo processou-se e condenou-se um oficial holandês por homicidio, estupro e outras atrocidades contra “as leis de Deus e do homem”, cometidas durante a ocupação de uma cidade alemã.
A condenação foi imposta por uma comissão formada por vinte e oito juízes provenientes da Alsácia, Alemanha, Suiça e Áustria. Na primeira metade do século XIX multiplicaram-se os projectos de instituições jurídicas específicas, de carácter permanente e reconhecimento universal. A primeira verdadeira Comissão Internacional de investigação de Crimes contra a Humanidade data de 1919, e a sua tarefa consisitiu em pronunciar-se sobre os crimes cometidos por militares alemães durante a Grande Guerra.
No final da Segunda Guerra Mundial, as provas de terríveis atrocidades cometidas pelo Terceiro Reich, durante o conflito motivaram as potências vencedoras a constituir dois tribunais militares especiais para julgar os nazis e seus aliados japoneses: O Tribunal Internacional Militar de Nuremberga e o Tribunal Internacional Militar de tòquio. Entre os réus do primeiro processo contava-se, entre outros, Gustav Krupp con Bohlen, artifice, com as suas siderurgias, da pujante indústria pesada alemã e o primeiro empresário da história a ser acusado de crimes contra a Humanidade.
Gustav Krupp von Bohlen
No entanto, não foi o último, porque rapidamente outros colegas seus como Ferdinand Porsche, sofreram análogas acusações com diferentes sortes.
Retrato de Ferdinand Porsche realizado em 1950
As acusações apresentadas contra os Porsche referiam-se sobretudo contra o emprego, nas fábricas administradas pela família por conta do Fuhrer, de prisioneiros de guerra e operários obrigados a trabalhos forçados.
Ferdinand Porsche e o filho Ferry numa inspecção à oficina da Porsche em Zuffenhausen,
A principal reserva de recursos humanos era a Organização Todt, fundada em 1933 para construir as auto-estradas alemãs e resolver o grave problema do desemprego que afectava a Alemanha. Transformada, sob o jugo nazi, numa instituição aberrante sem qualquer respeito pela vida humana, a Organização ocupou um total de dois milhões de trabalhadores, muitos dos quais foram tratados como escravos. As actas do processo instruído contra Ferdinand e Anton Piech provam claramente que ambos nunca cometeram acções violentas para com os seus subordinados, mas o clima da época e a hostilidade do ministério fiscal francês fizeram deles dois dos muitos bodes expiatórios de que a história precisava.
Ferdinand Porsche e Ferry Porsche estudam um plano do Volkswagen Carocha numa mesa de desenho
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Re: A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
A História, como quase tudo na vida, é sempre susceptível de dois - ou mais... - pontos de vista diferentes...
Nao obstante estarmos num forum dedicado a Porsches, que tal nao endeusarmos (sobretudo a nível pessoal), um indivíduo que, embora sejam inegáveis os méritos profissionais e técnicos, nao deixou de ser cooperante com o regime nazi...
Nao obstante estarmos num forum dedicado a Porsches, que tal nao endeusarmos (sobretudo a nível pessoal), um indivíduo que, embora sejam inegáveis os méritos profissionais e técnicos, nao deixou de ser cooperante com o regime nazi...
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Re: A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
pedro2cv escreveu:A História, como quase tudo na vida, é sempre susceptível de dois - ou mais... - pontos de vista diferentes...
Nao obstante estarmos num forum dedicado a Porsches, que tal nao endeusarmos (sobretudo a nível pessoal), um indivíduo que, embora sejam inegáveis os méritos profissionais e técnicos, nao deixou de ser cooperante com o regime nazi...
Quem já viveu numa ditadura, sabe que tem que viver com que existe...
Acredito que indepentemente de tudo, o desenvolvimento técnico foi feito como tal, embora a sua utilização pudesse não ter sido a melhor.
É como aquelas coisas boas, que quando mal utilizadas, são francamente más.
Não se deve acusar de cooperante uma pessoa que viveu num regime daqueles sem escolha, e que a sua ideia era desenvolver.
Também sei que é inegável que uma pessoa da genialidade dele, era referencial, e para os políticos da época também. Só que eram nazis.
Acredito que na foto em que se vê a testar um tanque de guerra, o seu interesse era maioritariamente técnico...
Última edição por Smart Top em 26/7/2008, 23:04, editado 1 vez(es)
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Re: A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
Smart Top escreveu:pedro2cv escreveu:A História, como quase tudo na vida, é sempre susceptível de dois - ou mais... - pontos de vista diferentes...
Nao obstante estarmos num forum dedicado a Porsches, que tal nao endeusarmos (sobretudo a nível pessoal), um indivíduo que, embora sejam inegáveis os méritos profissionais e técnicos, nao deixou de ser cooperante com o regime nazi...
Quem já viveu numa ditadura, sabe que tem que viver com que existe...
Acredito que indepentemente de tudo, o desenvolvimento técnico foi feito como tal, embora a sua utilização pudesse não ter sido a melhor.
É como aquelas coisas que quando mal utilizadas, são francamente más.
Não deve acusar de cooperante uma pessoa que viveu num regime daqueles sem escolha, e que a sua ideia era desenvolver.
Também sei que é inigável que uma pessoa da genialidade dele, era referencial, e para os políticos da época também. Só que eram nazis.
Acredito que na foto em que se vê a testar um tanque de guerra, o seu interesse era maioritariamente técnico...
Independentemente disso, sejam quais forem os motivos, até porque os tempos eram outros, o que é certo é que era um engenheiro de excelencia e isso é que é de louvar.
nineeleven_turbo
Última edição por nineeleven_turbo em 28/7/2008, 10:47, editado 1 vez(es)
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Re: A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
Caros colegas,...sem querer divergir do tema, as afirmaçoes relativas a Einstein nao estao correctas...p.f. fazer google a projecto Manhattan e ver qual a real participaçao deste no projecto (muitas pessoas apenas citam q Einstein escreveu a famosa carta ao presidente Roosevelt, "mas Einstein não foi porém parte activa do «projecto Manhattan» porque não só era um pacifista como era conhecido pelas suas «ligações suspeitas» às correntes de esquerda".
Este foi talvez o ultimo grande genio da actualidade, fisico , investigador e brilhante cientista , foi tb um pacifista e nada teve a ver com as vontades politicas inerentes ao bombardeamento Hiroshima e Nagasaki , contra a qual protestou e fez parte de um comite que a considerou como "criminosa incineração nuclear " ....
Ver igualmente a carta a Niels Bohr, Dezembro 1944 , anterior ao lançamento da bomba nuclear em Hiroshima (6 de agosto de 1945)...
Para terminar, pf consultem tb o famoso Manifesto de Russell-Einstein e vao ficar a conhecer ainda mais deste grande homem (fosse ele genio ou nao).
Ultima nota, as bombas referidas NÃO sao de hidrogenio, mas sim Bombas Atomicas (de fissão) . A primeira bomba de Hidrogenio (bomba termonuclear) só foi testada em 1952(US) e mais tarde 1961(URSS), e felizmente nunca foram empregues em cenario de guerra.
Só para terem uma ideia , estas bombas conseguem ser até cerca 750x mais potentes que qualquer bomba nuclear!
Este foi talvez o ultimo grande genio da actualidade, fisico , investigador e brilhante cientista , foi tb um pacifista e nada teve a ver com as vontades politicas inerentes ao bombardeamento Hiroshima e Nagasaki , contra a qual protestou e fez parte de um comite que a considerou como "criminosa incineração nuclear " ....
Ver igualmente a carta a Niels Bohr, Dezembro 1944 , anterior ao lançamento da bomba nuclear em Hiroshima (6 de agosto de 1945)...
Para terminar, pf consultem tb o famoso Manifesto de Russell-Einstein e vao ficar a conhecer ainda mais deste grande homem (fosse ele genio ou nao).
Ultima nota, as bombas referidas NÃO sao de hidrogenio, mas sim Bombas Atomicas (de fissão) . A primeira bomba de Hidrogenio (bomba termonuclear) só foi testada em 1952(US) e mais tarde 1961(URSS), e felizmente nunca foram empregues em cenario de guerra.
Só para terem uma ideia , estas bombas conseguem ser até cerca 750x mais potentes que qualquer bomba nuclear!
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Re: A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
JorgePin escreveu:Só para terem uma ideia , estas bombas conseguem ser até cerca 750x mais potentes que qualquer bomba nuclear!
BBBrrrrrrrrr
Obrigado pela lição... Embora já tivesse essa ideia, fiquei com mais precisão sobre ela.
Obrigado
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Re: A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
Que sáida teria F.Porsche? Ou cooperava ou era eliminado, ou conseguia fugir, não me parace que tivesse muitas alternativas.
Pena é o regime que era vigente na altura, se fosse outro............
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Re: A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
Bem, quanto ao meu post e partido do princípio que está errado, vou imediatamente elimina-lo, no entanto a questão onde queria chegar, é que ser-se um excelente profissional ou um profissional de excepção não é imperatívo que também se seja como pessoa. O mundo está cheio de casos desses, de pessoas que são geniais ao nível intelectual e profissional e do ponto de vista das relações pessoais, são simplesmente aberrantes, o mesmo se passa com muitas que são gajos porreiros mas que no fundo não passam de gajos porreiros.
Tudo (ou pelo menos a maioria) do que se sabe sober F. Porsche é de natureza criativa e profissional, e é por isso que é admirado, independentemente dos motivos ideológicos que o possam ter movido.
Lembrem-se pápa há só um, e não se chama ST.....
É o Pinto da Costa ....carago
nineeleven_turbo
Tudo (ou pelo menos a maioria) do que se sabe sober F. Porsche é de natureza criativa e profissional, e é por isso que é admirado, independentemente dos motivos ideológicos que o possam ter movido.
Lembrem-se pápa há só um, e não se chama ST.....
É o Pinto da Costa ....carago
nineeleven_turbo
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Re: A constituição dos tribunais por crimes contra a humanidade
Bom post sem dúvida. Obrigado.
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